Compra de equipamentos de criptografia estrangeiros por órgãos públicos brasileiros

O Jornal O Globo, publicou hoje, 22/11/2020, matéria sobre a compra de equipamentos de criptografia da Crypto AG por órgãos públicos brasileiros, notadamente as Forças Armadas e o Itamaraty.

A Crypto AG é uma empresa suíça, que possuía ligações com a norte-americana Agência Central de Inteligência (Central Intelligence Agency – CIA) e o alemão Serviço Federal de Inteligência (Bundesnachrichtendienst – BND).

No texto há uma breve menção, sem citar seu nome, ao Centro de Pesquisa para a Segurança das Comunicações (Cepesc), hoje o departamento responsável pela área tecnológica da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). A matéria afirma que seu desenvolvimento é viável.

Segundo o site da ABIN, o Cepesc foi criado em 1982 para “para sanar a deficiência do Brasil em garantir o sigilo de suas transmissões oficiais.” Desde então, transformou-se no principal fornecedor de equipamentos de criptografia para o governo brasileiro, dispondo de uma extensa gama de produtos, incluindo o telefone fixo (TSG), o telefone celular, o sistema de mensageria instantânea Athena, a Plataforma Criptográfica de Alto Desempenho (PCAD), a Plataforma Criptográfica Portátil (PCP), o Sistema de Sequências Aleatórias (SSA), o CriptoGOV e o cGOV, todos utilizando criptografia com tecnologia proprietária do governo brasileiro, desenvolvida pelo próprio Cepesc.

Sem dúvidas, o Brasil dispõe, há décadas, de tecnologia de ponta quando o assunto é criptografia, que vem sendo utilizada por muitos anos por diversos órgãos públicos brasileiros. Não há menção a vazamento de dados transmitidos por meio de canais cifrados com a tecnologia do Cepesc. Assim, verificamos que o Centro não só é viável, como vem prestando relevantes serviços ao Brasil, há 38 anos.

Cabe sempre lembrar que a segurança é tão efetiva quanto o mais fraco dos seus elos, sendo o fator humano a maior vulnerabilidade de qualquer sistema de segurança. De nada adianta a melhor tecnologia se os recursos humanos não tiverem treinamento adequado e não for incentivada a formação de uma cultura de segurança.